o curso que se pode discorrer não é o eterno curso o nome que se pode nomear não é o eterno nome imanifesto nomeia a origem do céu e da terra manifesto nomeia a mãe das dez-mil-coisas portanto no imanifesto se contempla seu deslumbramento no manifesto se contempla seu delineamento ambos... o mesmo saindo com nomes diversos o mesmo diz-se mistério mistério que se renova no mistério... porta de todo deslumbramento II sob o céu conhecer-se o que faz o belo belo eis o feio! conhecer-se o que faz o bom bom eis o não bom! portanto o imanifesto e o manifesto consurgem o fácil e o difícil confluem o longo e o curto condizem o alto e o baixo convergem o som e a voz concordam o anverso e o reverso coincidem por isso o homem santo cumpre os atos sem atuar pratica a doutrina sem falar as dez mil coisas operam sem serem impedidas nascem sem serem possuídas atuam sem serem dominadas concluida a obra ele não se atém e só por não se ater ela não se esvai III não primando os bons o povo não compete não prezando bens custosos o povo não aladroa não exibindo o desejável seu coração não erra por isso o governo do homem santo esvazia os corações sacia as entranhas enfraquece as vontades vigora os ossos nunca deixa o povo com saber e desejos não deixa o sábio ousar atuar atuando o não-atuar então não há desgoverno IV o curso é um vaso vazio o uso nunca o replena abismal! parece o progenitor das dez mil coisas abranda o cume desfaz o emaranhado harmoniza a luz congloba o pó profundo! parece algo lá existir eu não sei de quem é filho afigura-se o anterior do ancestral V o céu e a terra são sem amor-humano consideram as dez-mil-coisas cães-de-palha o homem santo é sem amor-humano considera as dez-mil-coisas cães-de-palha o vão entre o céu e a terra... como se parece a um fole! mas esvazia-se sem se contrair move-se e ainda extravasa! muitas palavras e números o limitam melhor guardá-lo no íntimo VI o espírito do vale não morre diz-se místico feminino a porta do místico feminino diz-se raiz do céu e da terra suave e multíflua parece lá existir contudo opera fio a fio VII o céu dura a terra perdura céu e terra duram que duram por não viverem para si eis porque podem viver eternamente por isso o homem santo ficando atrás sobressai ficando fora persiste não será por não ter nada seu ? pode pois realizar o que é seu VIII o bem supremo é como água água... apura as dez-mil-coisas sem disputa habita onde os homens abominam por isso abeira-se ao curso morar bom é onde coração bom é profundidade doar bom é amor falar bom é sinceridade governo bom é ordem serviço bom é capacidade movimento bom é quando eis que só sem disputa não há oposição IX manter saturando melhor cessar seguir aguçando não vai durar sala cheia de ouro e jade não se pode guardar enfatuar-se com bens e fama por si já dana concluida a obra abster-se eis o curso do céu X conseguir: a alma e o espírito num amplexo inseparável! regular o sopro maleável como no recém-nascido polir o espelho místico até ficar sem mácula! amar a nação e reger o povo sem atuar! no vaivém da porta do céu atuar qual mãe-pássaro! ser iluminado nos quatro quadrantes sem ter saber! gerar e criar gerar sem possuir atuar sem depender presidir sem controlar isto diz-se virtude mística XI trinta raios perfazem o meão no imanifesto o uso do carro barro moldado faz o jarro no imanifesto o uso do jarro talham-se portas e janelas para a casa no imanifesto o uso da casa portanto utilizando-se o manifesto útil fica o imanifesto XII as cinco cores cegam a visão do homem os cinco tons ensurdecem a audição do homem os cinco sabores embotam o paladar do homem galopes e caçadas frenesiam o coração do homem bens custosos obstam as ações do homem por isso o homem santo sendo entranhas não olhos afasta o ali agarra o aqui XIII honra e desonra são como o corcel em fuga avalie grandes aflições como o corpo porque se diz: honra e desonra são como o corcel em fuga a honra eleva a desonra abate ganhar esta perder aquela é assustador por isso se diz: honra e desonra são como o corcel em fuga porque se diz: avalie grandes aflições como o corpo eu tenho grandes aflições por ter corpo sem corpo que aflições teria ? portanto quem avalia o mundo como o corpo este pode ter missão no mundo quem ama o mundo como o corpo este pode ter cargo no mundo XIV ao olhá-lo não se vê o nome soa yi ao escutá-lo não se ouve o nome soa xi ao tocá-lo não se obtém o nome soa wei estes três não se podem decompor portanto entremeados constituem um seu alto não se alumbra seu baixo não se assombra contínuo contínuo... sem se poder nomear retorna a não-coisa isto se diz: forma do não-forma imagem do não-coisa isto se diz: claroescurecer ao defrontá-lo não se vê o rosto ao seguí-lo não se vê o verso reintegrando-se ao curso da antiguidade pode-se reger o presente poder conhecer a origem da antiguidade isto se diz: o desemaranhar do curso XV na antiguidade os que bem atuavam o curso: sutilmente sublimes misticamente penetrantes tão profundos que não podiam ser conhecidos e só porque incognoscíveis força-se configurá-los cautelosos! como a transpor águas hibernais vacilantes! como a temer vizinhos dos quatro cantos reverentes! como hóspedes evanescentes! como gelo a derreter genuínos! como lenho tosco abertos! como o vale opacos! como a água turva quem pode pelo repouso aos poucos clarear o turvo ? quem pode pelo movimento aos poucos avivar a paz ? quem guarda este curso não quer ficar pleno e só por não ficar pleno pode recôndito renovar-se XVI atingindo o vazio extremo conservar-se firme no repouso as dez-mil-coisas confluindo eu assim as contemplo no refluxo: eis que as coisas no florescimento retornam uma a uma à raiz o retorno à raiz soa: repouso isto se diz: retornar ao destino o retorno ao destino soa: eternidade conhecer a eternidade soa: alumbramento não conhecer a eternidade é tresloucar no azar conhecer a eternidade é englobante englobamento então justiça justiça então mediação mediação então céu céu então curso curso então duração dissolvendo-se o corpo não periga XVII a alta antiguidade não conhecia os regentes tempos depois eram amados e louvados tempos depois foram temidos tempos depois são vilipendiados estes de pouca fé não merecem fé pensativos! aqueles sim pesavam as palavras concluída a obra as coisas decorriam as cem famílias juntas diziam: por nós somos o que somos XVIII o grande curso reflui... surge amor humano e justiça sabedoria e crítica afluem... surge a grande hipocrisia os vínculos familiares discordam... surgem os deveres filiais e paternais nações e familias no caos... surgem os ministros leais XIX não à santidade fora a sabedoria o povo é cem vezes favorecido não ao amor humano fora a justiça o povo volta a ser filial e paternal não ao engenho fora o ganho não há roubos não há assaltos estas três sentenças são ornamentos ornamentos não suficientes deve vigorar pois esta regência: mostrar-se como seda natural abraçar o lenho tosco diminuir seus interesses diluir suas paixões XX não ao estudo e foi-se a inquietação "sim" e "pois não" quanto se distinguem? bem e mal como se distinguem? o que os homens temem não se pode não temer? estéril! esse nem sim nem não A massa efusiva e mais efusiva como no gozo de um festim sacro como nos altos a sagrar a primavera só eu ancorado! nesse ainda sem auspícios... como recém-nascido antes de se acriançar marionete! sem para onde retornar a massa tem o supérfluo só eu sem quê nem para quê eu... que coração de idiota oh! confuso e mais confuso a gente brilha que brilha só eu ofuscado e aparvalhado a gente vibra que vibra só eu melancólico e mais melancólico plácido! tal qual o mar ao vento! como sem lugar a massa tem com quê só eu obstinado e tosco mas só eu diferente dos outros dignificando a mãe nutriente XXI os traços da grande virtude só provêm do curso o curso feito coisa... tão ofuscante que eclipsa eclipsado! ofuscante! em seu interior há imagem ofuscante! eclipsado! em seu interior há coisa isolado! abscôndito! em seu interior há essência essa essência... pura verdade em seu interior há fidelidade da antiguidade até o presente seu nome não muda e assim examina o surgir de tudo como sei a forma de tudo surgir ? pelo aqui XXII curvando então fica inteiro retorcendo então fica direito esvaziando então fica pleno desgastando então fica novo sendo pouco então é obtido sendo demais então é perturbador assim o homem santo abraçando o uno torna-se modelo sob o céu não se exibindo então brilha não se afirmando então figura não se vangloriando então tem mérito não se enaltecendo então perdura só por não disputar sob o céu ninguém pode com ele disputar o adágio antigo: "curvando então fica inteiro" como pode ser palavra vazia? em verdade integra nele reintegrando XXIII falar diluído é o natural portanto um vendaval não dura uma manhã um temporal não dura um dia quem os fomenta ? céu e terra céu e terra . . sua fúria não dura quanto mais a intempérie humana! portanto quem segue o curso une-se ao curso quem segue a virtude une-se à virtude quem segue a perdição une-se à perdiçao quem se une ao curso este o acolhe com alegria quem se une à virtude esta o acolhe com alegria quem se une à perdição esta o acolhe com alegria pouca fé não merece fé XXIV Na ponta dos pés não se firma escarranchado não se anda quem se exibe não brilha quem se afirma não figura quem se vangloria não tem mérito quem se enaltece não perdura isto em relação ao curso soa: superfluidade parasitismo coisas que todos abominam portanto quem no curso nelas não incorre XXV Há algo indefinido porém perfeito antes de nascerem céu e terra Silente! apartado! fica só não muda tudo pervade nada periga pode ser considerado a mãe sob o céu eu não sei seu nome dou-lhe a grafia: (Dao) forçado a nomeá-lo digo: grande grande soa: além além soa: longínquo longínquo soa: retornante portanto o curso é grande o céu é grande a terra é grande o mediador é grande no universo há quatro grandes o mediador é um dos quatro o homem segue a terra a terra segue o céu o céu segue o curso o curso segue a si mesmo XXVI o pesado é raiz do ligeiro o repouso é senhor do agitado por isso o homem santo na jornada não larga o peso da bagagem embora tenha visões magníficas fica calmo e distante que fazer? é senhor de dez mil carros e por ele desleixa o império? sendo ligeiro então perde a raiz sendo agitado então perde a soberania XXVII bom caminhar não deixa vestígio boa fala não têm jaças a aquilatar boa computação não usa talhas nem fichas bom fecho não usa trancas e não se abre boa ligação não tem cordas e não se solta por isso o homem santo bom sempre em salvar homens portanto não há homens rejeitados bom sempre em salvar coisas portanto não há coisas rejeitadas isto se diz: adentrar o alumbramento portanto o homem bom é modelo para o não-bom o homem não-bom é potencial para o bom sem apreciar o modelo e cuidar do potencial mesmo a sabedoria será grande extravio isto se diz: essencial ao deslumbramento XXVIII conhecer o masculino conservar o feminino é tornar-se álveo do mundo tornando-se o álveo do mundo a virtude eterna não escorre e volta a ser recém-nascido conhecer o claro conservar o escuro tornar-se o ideal do mundo tornando-se ideal do mundo a virtude eterna não flutua e volta a ser não-dual conhecer o glorioso conservar o vergonhoso tornar-se o vale do mundo tornando-se o vale do mundo a virtude eterna é suficiente e retorna a ser lenho tosco decomposto o lenho-tosco eis compostas as funções o homem santo usando-o torna-se dirigente do funcionalismo portanto a grande regência não faz cortes XXIX querer abarcar o mundo e nele atuar eu vejo não ser alcançável... o mundo é um vaso espiritual não é possível nele atuar o atuante arruína-o o abarcador perde-o portanto as coisas ora precedem ora seguem ora amainam ora enfurecem ora prosperam ora declinam ora afluem ora refluem por isso o homem santo afasta o demasiado o desmesurado o desqualificado XXX os que ajudam o soberano pelo curso esses não violam com armas o mundo tal ação provoca reação onde campeiam tropas aí crescem espinhos após grandes combates sempre anos nefastos bom é apenas o desfecho e basta! não ousar dominar com violência o desfecho sem apoteose o desfecho sem repressão o desfecho sem arrogância o desfecho porque irremediável o desfecho sem violência as coisas reforçando-se caducam isto se diz: sem curso sem curso logo o decurso XXXI eis que belas armas não são instrumentos auspiciosos são coisas que todos abominam portanto quem no curso delas não se ocupa o nobre em casa honra a esquerda no uso de armas honra a direita armas não são instrumentos auspiciosos não são instrumentos do nobre se inelutável usa-as pondo calma e moderação acima vence sem embelezar a vitoria quem faz isso exulta em matar pessoas esse não pode obter seus intentos no mundo nos eventos benéficos prefere-se a esquerda nos eventos maléficos prefere-se a direita o general da reserva fica à esquerda o general do comando fica à direita a dizer que observa o rito fúnebre massacres são pranteados com ais e lamentos na vitoria militar observa-se o rito fúnebre XXXII curso... lenho-tosco sempre sem nome embora pequeno pequeno o mundo porém não o pode sujeitar principes e reis podendo preserva-lo as dez mil coisas por si se subordinam céu e terra em conúbio rorejam doce orvalho o povo sem ser ordenado por si se coordena feito o corte logo surgem os nomes já havendo os nomes aí deve-se saber parar sabendo parar nada periclita um símile do curso no mundo: o arroio e vale indo para o rio e mar XXXIII quem conhece o outro é sábio quem conhece a sí mesmo é iluminado quem vence o outro tem força quem vence a si é forte quem se contenta é rico quem se força a andar tem querer quem não perde seu lugar perdura quem morre sem se anular tem a vida XXXIV o grande curso é transbordante ele pode à esquerda e à direita as dez mil coisas dele dependem para viver nunca são rejeitadas completa a obra e não se apropria veste e nutre as dez mil coisas e não se faz senhor pode ser nomeado no que é pequeno as dez mil coisas a ele retornam e não se faz senhor pode ser nomeado como grande e só por não se fazer grande pode realizar sua grandeza XXXV retendo a grande imagem o mundo acorre acorre sem prejudicar assim a grande paz música e atrativos... para o hóspede de passagem o que vai da boca do curso... tão diluído que a nada sabe! olhá-lo não basta para o ver ouví-lo não basta para o escutar usá-lo não basta para o esgotar XXXVI quer-se a contração é preciso consolidar a expansão quer-se o enfraquecimento: é preciso consolidar o fortalecimento quer-se a decadência: é preciso consolidar o florescimento quer-se a privação: é preciso consolidar a doação isto se diz: iluminação sutil suavidade vence violência não deve o peixe sair das profundezas nem a potestade do reino a outros mostrar-se XXXVII o curso sempre não atuando e nada fica por atuar príncipes e reis podendo preservá-lo as dez mil coisas por si se transformam transformadas e surgindo o desejo eu o reprimo pelo lenho sem nome no lenho-tosco sem nome eis que de fato não há desejo sem desejo fica-se em repouso o mundo por si se fixa XXXVIII a virtude superior não ostenta virtude por isso tem virtude a virtude inferior não se despe de virtude por isso não tem virtude a virtude superior não atua não ficando por atuar a virtude inferior não atua ficando por atuar o amor-humano superior atua não por ter de atuar a justiça superior atua por ter de atuar o rito superior atua ninguém corresponde aí arregaça as mangas indo às vias de fato portanto perdido o curso eis a virtude perdida a virtude eis o amor-humano perdido o amor-humano eis a justiça perdida a justiça eis o rito ora o rito dilui fé e fidelidade sendo pois cabeça de toda desordem o saber prematuro é mera flor do curso sendo pois princípio de todo desatino por isso o homem em plena maturidade... ocupa-se do denso e não do diluído ocupa-se do real e não da florescência portanto afasta o ali agarra o aqui XXXIX eis a unificação dos primórdios o céu uno ficou claro a terra unificada ficou tranquila o espírito uno ficou animado o vale uno ficou repleno as dez mil coisas unificadas ficaram geradoras príncipes e reis unos ficaram fidedignos isso conseguiu-se pela unificação o céu não claro talvez rachasse a terra não tranquila talvez implodisse o espírito não animado talvez sucumbisse o vale não repleno talvez arruinasse as dez mil coisas não geradoras talvez ruíssem príncipes e reis não fidedígnos talvez tombassem portanto o dígno tem suas raizes no humilde o alto tem suas bases no baixo por isso príncipes e reis se intitulam: orfãos viúvos indigentes será por suas raízes no humilde ? não ? portanto a glória suprema não se vangloria não esmerar como jade mas rusticar como pedra continua
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