Blaise Pascal: o Homem e a Ciência
Rogério Lacaz-Ruiz
Professor de Metodologia Científica FZEA/USP
roglruiz@usp.br
Heloise Patrícia Quintino
Acadêmica de Zootecnia FZEA/USP
heloq@hotmail.com
Cíntia Kogeyama
Acadêmica de Zootecnia FZEA/USP
dolly2_98@yahoo.com
Luiz Flávio Pansani
Acadêmico de Zootecnia FZEA/USP
langousp@yahoo.com
"Quem deixa a
Deus fora das suas contas, não sabe contar"
Introdução (1)
Parece que as invenções sempre
tiveram sua magia para atrair a atenção do homem comum. A expectativa diante do novo
invento muitas vezes ultrapassa as fronteiras da técnica ou da ciência propriamente
dita. Talvez seja por esta razão que as pessoas acabam caracterizando as descobertas
científicas como a única solução. Na verdade, é realmente feliz quem sabe a
verdadeira causa das coisas. As coisas, porém, estão e são e nós, diante desta
variedade, procuramos agrupá-las e classificá-las segundo nossos interesses ou
critérios. Como há um limite, as classificações acabam por reduzir tudo ao objeto em
questão ou excluir importantes realidades. E o reducionismo aparece sempre que se deixa
de analisar algo que faça parte do ser estudado. Em geral, a discórdia entre cientistas
dá-se sobre aquilo que é acidental, embora também ocorra no essencial, justamente
quando se deixa de contemplar o real.
Pascal,
como veremos neste estudo, soube separar a ciência em si, do ser humano, e não
aceitou o matematicismo de Descartes, como reducionismo em relação à realidade humana. O
coração tem razões que a própria razão desconhece e por isso a ciência e a
técnica sempre ficarão aquém; é dificil dar uma resposta definitiva quando o assunto
é o homem. A defesa da riqueza humana, consiste justamente em aprofundar em aspectos
individuais e sociais que estejam de acordo com o real, sem esgotar o diálogo que cada um
tem consigo mesmo e com o outro.
Se Pascal
merece ser estudado, é porque viveu intensamente situações que fazem o homem lembrar-se
de quem é: a morte prematura da mãe, a vida mundana após a morte do pai, o convívio
com os pobres, a doença, o diálogo com os demais, a busca da verdade de modo aberto e
profundo dentro do universo infinito e da sua totalidade.
Blaise
Pascal revelou-se gênio desde cedo. Com 12 anos por si só descobriu a matemática, uma
vez que foi impedido por seu pai o contato com livros sobre o assunto. Não parou por aí.
A sua contribuição para a ciência foi significativa e de grande importância. Atuou na
matemática, na física, na geometria, mas é com suas reflexões filosóficas e
teológicas que mais surpreende a humanidade. Só não contribuiu mais, foi devido a sua
morte prematura aos 39 anos. Seus escritos filosóficos "exprimem com incomparável
eloqüência às ansiedades que agitam a alma humana. Ao longo dessas páginas imortais,
animadas de ardente misticismo, sente-se no entanto, a cada momento, a forte disciplina do
espírito geométrico. Mais do que a disciplina: a inspiração. O pensamento de Pascal
tem raízes profundas nessa análise do infinito" (Costa, 1971), que no seu tempo
ressurgiram com nova roupagem. "Pascal foi geômetra no belo sentido pleno da
palavra. Seu gênio multiforme procurou a verdade em todos os terrenos." (Costa,
1971)
Mais de
trezentos anos de sua morte se passaram, mas o momento não deixa de ser oportuno para
recordar como Pascal viveu a ciência sem deixar que a ciência fosse sua vida.
A vida de Pascal
Filho de Étienne Pascal e
Antoniette Bejon, Blaise Pascal nasceu a 19 de julho de 1623, em Clermont-Ferrand, na
França. "Quando tinha apenas três anos, Blaise perdeu a mãe e, como era o único
filho do sexo masculino, o pai encarregou-se diretamente da sua educação. Étienne
desenvolvia um método singular de educação do filho, com exercícios de diversos tipos
para despertar o apego a razão e ao juízo correto. Geografia, história e filosofia eram
disciplinas ensinadas, sobretudo, por meio de jogos. Étienne acreditava, entretanto, que
aulas de matemática só deveriam ser mantidas ao filho quando este estivesse mais
maduro." (Falceta, 1998b)
Dessa
forma, mantinha longe do menino os grossos livros de matemática. O pequeno teve, no
entanto, despertada sua curiosidade sobre aqueles "estranhos" assuntos. De
conversas que ouvia ou de obras que passavam pela censura do pai, logo descobriu as
maravilhas da ciência dos números. Mesmo sem professor ou livro guia, passou a
desenvolver seus estudos. "Um dia, o pai flagrou-o desenhando no piso figuras
geométricas com carvão. Estavam ali, por intuição, várias das proposições da
matemática de Euclides. Pascal chegou à 32a. fórmula
proposta no livro 1 do velho sábio. Foi dado ao inquieto menino, então, permissão para
que avançasse livremente sobre aqueles ramos do conhecimento.
Pascal
juntou-se aos sábios do círculo de Mersenne quando tinha 13 anos de idade. Ali, pode
colecionar informações para desenvolver mais rapidamente seus trabalhos. Aos 17 anos,
descobriu e publicou uma série de teoremas em geometria projetiva, fundamentais ao
desenvolvimento tecnológico futuro, no campo da aviação." (Falceta, 1998c) Mais
tarde, para ajudar o pai, sempre ocupados com números, dedicou-se a criar uma máquina de
calcular. Por imaginar a revolução no futuro das máquinas de pensar, Pascal é o nome
de um importante e famoso programa de base para computadores, usado em todo mundo. Pascal
desenvolveu importantes estudos que tiveram como inspiração as descobertas do italiano
Torricelli sobre a pressão atmosférica.
A partir de
1647, Pascal passou a dedicar seus dias à aritmética. Desenvolveu cálculos de
probabilidade, a fórmula de geometria do acaso, o conhecido Triângulo de Pascal e o
tratado sobre as potências numéricas.
Mas o
trabalho excessivo minou a sua saúde, débil por constituição, e ele caiu gravemente
enfermo. Em 1648 freqüentou, com sua irmã Jacqueline, os seguidores de Saint-Cyran, que
o levaram ao misticismo de Port-Royal. Depois da morte do pai, deu fervor religioso
arrefeceu um pouco, iniciando-se o chamado período mundano de Pascal, devido em parte à
proibição médica de dedicar-se a trabalhos intelectuais, prejudiciais à sua saúde, e
em parte, de praticar exercícios de penitência. Mme. Perier, sua irmã, observa, porém,
que neste período, "por graça de Deus, Pascal manteve-se longe dos vícios". A
crise mundana foi superada na noite de 23 de novembro de 1654, graças a uma espécie de
visão mística. Em recordação daquela noite, Pascal escreveu o seguinte Memorial:
Ano da graça de 1654, segunda-feira, 23 de novembro, dia de
São Clemente, Papa mártir, e de outros no martirológio. Vigília de São Crisógono,
mártir, e de outros. Das dez horas e meia da noite, mais ou menos, até cerca de
meia-noite e meia. Fogo.
Deus de
Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó, e não dos filósofos e dos sábios.
Certeza, certeza, sentimento, alegria, paz.
Deus de Jesus Cristo.
Deum meum et Deum vestrum (meu Deus e vosso Deus).
Esquecimento do mundo e de tudo, menos de Deus.
Não se encontra fora das vias ensinadas no Evangelho.
Grandeza da alma humana.
Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci.
Alegria, alegria, alegria, lágrimas de alegria.
Eu me separei dEle,
Derliquerunt Me fontem aquae vivae (Abandonaram a Mim, fonte da
água viva).
"Abandonar-me-ias vós, meu Deus?"
Que eu não separe dele pela eternidade.
A vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o Deus único e
verdadeiro e aquele que enviaste, Jesus Cristo.
Jesus Cristo, Jesus Cristo,
Eu me afastei dEle, evitei-O, reneguei-O, crucifiquei-O, que eu
jamais me separe dEle. Não se conserva senão pelas vias ensinadas no Evangelho.
Renúncia total e doce.
Submissão completa a Jesus Cristo e ao meu diretor,
Alegria eterna por um dia de provação na terra.
Non obliviar sermones tuos. Amen (Não me esquecerei das tuas
palavras. Amém) (Mondin, 1981)
Pascal
morreu em Paris, aos 19 de junho de 1662, depois de atrozes sofrimentos, que soube
suportar com grande resignação. Suas últimas palavras foram: "Que Deus jamais me
abandone!"
Obras de Blaise Pascal
"Blaise Pascal produziu
polêmica e profunda obra filosófica. Desenvolveu experimentos que propiciaram saltos
significativos no mundo científico, especialmente no campo da matemática e da
física." (Falceta, 1998a)
Na física,
Pascal contribuiu no campo da hidrostática, desenvolvendo importantes estudos que tiveram
como inspiração as descobertas do italiano Evangelista Torricelli sobre a pressão
atmosférica (2) que reanimou a velhíssima controvérsia sobre o "horror ao
vácuo" (3). Pascal, então, escreve um texto Prefácio ao tratado sobre o vácuo,
no qual trata da questão da Ciência e da tradição. Neste texto Pascal divide o
conhecimento humano em dois tipos: um baseado na autoridade e na tradição, sendo seu
melhor exemplo a teologia; outro, na experiência e na razão sendo a física um modelo:
"Mas o campo em que a autoridade tem a força principal, é o da teologia, pois ela
é inseparável da verdade e somente pela autoridade, conhecemos a verdade: de modo que
para obter certeza plena nas matérias mais incompreensíveis para a razão, basta mostrar
que estão nos livros sagrados... Já o mesmo não ocorre com as matérias que caem no
âmbito dos sentidos ou do raciocínio: aí, a autoridade é inútil e esses conhecimentos
dependem só da razão. Razão e autoridade têm seus direitos delimitados: aqui prevalece
uma; lá, reina a outra..." (Pieper, 1997)
Pascal
conclui dizendo: "Independentemente da força que tenha esta antigüidade, a verdade
deve sempre prevalecer, mesmo que recentemente descoberta, já que a verdade é sempre
mais antiga do que qualquer opinião que se tenha sobre ela: seria ignorar sua natureza,
pensar que ela tenha começado a existir no momento em que ela começou a ser
conhecida". (cf. Pieper, 1997)
Assim,
Pascal devido a sua educação liberal, interpretava os resultados obtidos de seus
experimentos sem os preconceitos da época. Em uma de suas experiências ele teve a
comprovação de que o equilíbrio da coluna de mercúrio se deve à pressão
atmosférica. A experiência decisiva foi realizada no Puy-de-Dome, de acordo com as
instruções de Pascal que a repetiu em Paris, na torre de Saint-Jacques. Desapareceram as
últimas dúvidas: a altura da coluna de mercúrio varia com a altitude do lugar (4). Em
1653, Pascal enunciou e provou experimentalmente este princípio: O acréscimo da
pressão em um ponto de um líquido em equilíbrio, transmite-se integralmente a todos os
pontos deste líquido. Uma aplicação deste princípio é encontrada em máquinas
hidráulicas que são capazes de "multiplicar forças", tais como a prensa
hidráulica e o freio hidráulico.
De 1639 a
1647, Pascal acompanha seu pai Etienne Pascal que foi enviado por Richelieu para Rouen,
capital da Normandia. Como seu pai era coletor de impostos, Pascal construiu uma máquina
de calcular para ajudá-lo na execução do seu trabalho. A Pascalina, depois de
inúmeros esforços devido aos poucos recursos para época, chegou a ser patenteada mas
sua fabricação em série foi descartada. Foi a partir de 1647, que Pascal dedicou-se
mais aos estudos no campo da matemática. Ele passou, então, a dedicar-se aos estudos das
probabilidades, realizando experiências com problemas aritméticos. A partir de suas
observações dos jogos de dados desenvolveu os seus cálculos de probabilidades, a famosa
fórmula da Geometria do Acaso. O Triângulo de Pascal foi um dos trabalhos resultantes
dessas pesquisas com jogos de azar (5).
Outro
trabalho científico de Pascal nesta fase, foi o Tratado sobre as Potências Numéricas,
no qual trata dos elementos "infinitamente pequenos". Pascal voltará a esse
tema em 1658, em um trabalho sobre a área da ciclóide, chegando notavelmente perto da
descoberta do cálculo integral, "tão perto que Leibniz mais tarde escreveu que foi
ao ler essa obra de Pascal que uma luz subitamente jorrou sobre ele." (Boyer, 1974).
Entre outras obras suas, citam-se Nouvelles Expériences sur le Vide (Novas
Experiências sobre o Vácuo, 1647) e Discours sur le Passions de lAmour
(Discurso sobre as Paixões do Amor); De Alea Geometriae (O Jogo da Geometria); Memorial;
Oração para pedir a Deus a graça de fazer bom uso das enfermidades e Pensées
(Pensamentos), neste último encontra-se a célebre sentença: O coração tem razões
que a própria razão desconhece.
Convertido à religião, Pascal se dedica a filosofia
Depois de participar de grupos
dados à "libertinagem" e aos jogos de azar, o gênio Pascal experimentou uma
revolução em sua vida. Em 1654, escapou da morte em um acidente de carruagem numa das
pontes de Paris. Logo depois, em um êxtase espiritual, decidiu dedicar-se com fervor à
militância religiosa e depois à contemplação e à oração. Após a conversão,
documentada de forma comovente em Memorial, Pascal faz grandes progressos na vida
espiritual como se pode ver também pela Oração para pedir a Deus a graça de fazer
bom uso das enfermidades, escrito edificante e perene. "À conversão segue-se o
reatamento de relações, cada vez mais freqüentes e intensas com Port-Royal, que por
esta época, tinha recebido dentro de seus muros um pequeno grupo de leigos, desejosos de
uma vida de penitência e de santificação." (Mondin, 1981)
Pascal
converteu-se, naquela época, ao jansenismo, uma corrente religiosa nascida no
catolicismo. "O movimento teve início com o bispo holandês Cornélio Jansênio
(1585-1638), que protestava contra o racionalismo supostamente exagerado da teologia
escolástica." (Falceta, 1998d).
"Em
1656 foi chamado a Port-Royal em auxílio de Arnauld (6), ameaçado de excomunhão por
causa de suas posições jansenistas, e para defender o jansenismo dos ataques dos
jesuítas (7). Pascal atendeu ao convite e escreveu as Cartas Provinciais, que fez
circular anônimas, nas quais, com dialética habilíssima e com ironia ora sutil, ora
dura, abordava os aspectos discutíveis da Companhia de Jesus.
Mais tarde
veio-lhe a idéia de escrever uma Apologia da Religião Cristã, projeto que não
pôde realizar em virtude de sua morte prematura. Os fragmentos desta obra foram reunidos
no volume intitulado Pensées (Pensamentos). "Para uns é um livro de fé;
para outros, um livro em que uma alma humana se revela com maior naturalidade e verdade do
que alhures; para todos uma obra prima sem igual na língua francesa".(Granges,1966)
(8).
Blaise
Pascal foi exceção em sua época. Enquanto a maioria dos filósofos viviam quase
exclusivamente de herança de Descartes, o autor que defendia o racionalismo e a
especulação lógica, fria, clara e precisa aplicados a toda e qualquer forma de
ciência, seja ela exata ou humana, Pascal moveu, então, uma guerra encarniçada contra
esses conceitos. (9)
Dos Pensamentos,
quatro são críticas claras à Descartes, os de número 76 a 79.
76-Escrever contra os que aprofundam demais as ciências.
Descartes. (Pascal, 1966). Neste pensamento, propõe-se escrever futuramente contra
Descartes, por causa da importância excessiva dada por este à ciência.
77-Não posso perdoar Descartes; bem quisera ele, em toda sua
filosofia, passar sem Deus, mas não pode evitar de fazê-lo dar um piparote para pôr o
mundo em movimento; depois do que, não precisa mais de Deus. (Pascal, 1966). No
pensamento 77, declara não poder perdoar a Descartes por ter dado pouco espaço a Deus em
sua filosofia. (10)
78-Descartes: inútil e incerto. (Pascal, 1966).
79 - Descartes - Cumpre dizer, grosso modo: Isso se faz
por figura e movimento, porque isso é verdadeiro; mas dizer quais e montar a máquina é
ridículo, pois é inútil e incerto, e penoso. E ainda que fosse verdadeiro, não
acreditamos que toda a filosofia valha uma hora de trabalho. (Pascal, 1966).
Finalmente, no pensamento 79 sustenta que não vale a pena perder tempo com a filosofia de
Descartes.
Em muitos
outros pensamentos Pascal critica Descartes, sem citá-lo. A sua crítica é dirigida
especialmente contra o método geométrico cartesiano e contra a mentalidade
geométrica do seu autor, que pretende reduzir tudo a idéias claras e distintas. Segundo
Pascal, o método geométrico é válido para as ciências exatas, não para as humanas -
filosofia, moral, religião - nas quais, em vez de idéias claras e distintas, prevalecem
idéias complexas, mas carregadas de verdades. Pascal não condena totalmente o método
geométrico; rejeita apenas a pretensão de aplicá-lo a qualquer verdade, em especial às
da esfera religiosa. Segundo ele, o método geométrico não tem valor absoluto nem mesmo
no reino da ciência, já que os primeiros princípios dela não são claros e distintos,
mas confusos e obscuros; eles são aprendidos mais pelo coração do que pela razão. (11)
Em conclusão, o erro de Descartes consiste em ter exagerado o fator intelectivo
(negligenciando completamente o fator afetivo) e a importância da razão e da
especulação (subestimando a contribuição do coração).
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1. O presente paper é um dos textos básicos dos
Seminários "Ciência, Filosofia & Metodologia" que a cadeira de Metodologia
Científica da FZEA-USP promove no campus de Pirassununga.
2. Em 1644, Torricelli havia efetuado sua célebre
experiência de tubo com mercúrio. Schurmann, Paul F. Historia de La Física, 1946.
3. Os antigos acreditavam que a natureza teria
"horror ao vácuo". Qualquer situação em que surgisse o vácuo seria um estado
de desequilíbrio, e a natureza imediatamente alteraria o sistema, de forma a acabar com o
vácuo. Segundo essa visão que até hoje subsiste no senso comum, o vácuo teria a
capacidade de "puxar" os objetos. Chiqueto, M. J.; Valentim, B.; Pagliari, E. Aprendendo
Física 1. 1996.
4. Este era um resultado razoável pois, quanto maior
for altitude do local, mas rarefeito será o ar e menor será a espessura da atmosfera que
está atuando na superfície do mercúrio. In: Máximo, A.; Alvarenga, B. Curso de
Física. 1997.
5. O próprio triângulo tinha mais de 600 anos, mas
Pascal descobriu algumas propriedades novas. Boyer, C. B. História da Matemática.1974.
6. Trata-se do jornalista Arnauld que foi condenado por
sua obra. Pascal entra na polêmica instituída em defesa do jornalista e publica a Primeira
Provincial.
7. Pascal considerava o jesuitismo um
"simplificador" da religião, responsável pela substituição da angústia
metafísica pela observância automática dos ritos.
8. Essa passagem é citada por Ch. M. des Granges na
introdução de Pensamentos, traduzido por Sérgio Milliet e publicado em 1966.
"...talvez parte da sugestão e do encanto das Pensées resida precisamente em
sua fragmentariedade: em ser rajadas luminosíssimas ou ainda um grande feixe de luz
intensa. São fragmentos de alma, estandartes de vida intensamente espiritual e religiosa,
quase como parte de um longo e apaixonado rosário. As Pensées sempre me trouxeram
a imagem de uma grande alma solitária e ardentemente mística, absorta em uma longa e
silenciosa oração que quando alcança o cume da elevação e de amor, rompe o silêncio
e se expressa com acentos lapidares, inconfundíveis, para recolher-se depois no êxtase
inefável. (Sciacca, 1955, p.158)
9. Pascal disse: Quando comecei o estudo do homem, vi
que estas ciências abstratas não são próprias do homem e que eu me encontrava mais
fora de minha condição ao penetrá-las que os outros a ignorá-las. Perdoei esta
ignorância, mas acreditei ter encontrado ao menos muitos companheiros no estudo do homem,
que o no estudo verdadeiramente adequado. Me enganei; existe menos gente que se interesse
disto que de geometria. E Sciacca (1955) comenta: "Sem dúvida, o estudo do homem
não exclui o da geometria, nem este é antitético do primeiro. Pascal não gosta da
geometria que no seu estudo se desinteressa do homem... Para falar com franqueza sobre
a geometria, a considero o exercício mais nobre da mente; mas ao mesmo tempo a reconheço
tão inútil que vejo pouca diferença entre um homem que só se dedique a
geometria e um hábil artesão. O só está em evidência porque confirma a
convicção de Pascal de manter-se longe da pura geometria, de criticar o
"geometrismo" como modelo de puro racionalismo; e por outro lado, de manter-se
fiel a "geometria cristã", que nos números, e nas dimensões, no tempo e no
espaço vê uma perspectiva da natureza, um reflexo da vida do homem e por isto uma
mensagem da verdade cristã, cantada, em silêncio, pelo coração."
10. O ateísmo é a loucura da razão elevada a norma de
vida, a lei do bem e da verdade: é a loucura do pecado que presume negar a loucura da
Cruz. Mas no erro não existe paz: a alma não se aquieta. Quanto mais se esforça o homem
em atrair tudo para si mesmo, mais se perde e mais se estranha." Algo semelhante
disse S. Agostinho nas Confissões (1,1,1): ...nos fizestes para Vós e o nosso
coração não descansa enquanto não repousar em Vós.
11. "A razão está dominada pela imaginação, mestra
de erros e falsidades, e que nos engana precisamente porque o seu engano não é sempre o
mesmo. Ela possui o grande dom de persuadir os homens. Por outra parte, a razão tem
uma voz agradável, mas é incapaz de dar um preço as coisas. A imaginação não pode
fazer sábio aos néscios, mas os faz felizes; ao contrário da razão, que não pode
fazer mais que desgraçados aos seus amigos; por um lado os cobre de glória, outras de
vergonha."(Sciacca, 1955, p.174)
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