Instante que passa,
sempre me enlaça,
qual fugaz caça.
Raro, caro instante,
de que jeito agarrar-te,
como aprisionar-te?
Estátua de sonho se faz
e imediatamente após,
lembrança tão fugaz.
Imagem sagrada,
gravada e vislumbrada,
podes ser o nada?
O que és, o que foste,
Por que tanto insiste,
como te eternizaste?
Parece que não sabe,
que, afinal, não consiste
de nada, senão instante?
Então, mostre o que és,
pois vejo bem teus pés,
no vai e vem das marés.
És ao menos servente,
da lembrança subjacente,
de um maior Ente.
Que por um só instante,
na vida nos dá a chance
de tanger o transcendente.