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Algumas Etimologias de Isidoro de Sevilha

 

Jean Lauand
Prof. Titular FEUSP
jeanlaua@usp.br

 

1. Introdução

Santo Isidoro (c.560-636), nascido em Sevilha na época visigoda, foi bispo nesta cidade de 600 a 636. É um dos grandes elos de transmissão da cultura clássica para a Idade Média. Sua obra Etimologias é uma espécie de enciclopédia, muitíssimo utilizada ao longo de toda a Idade Média. Tanto assim que mesmo em autores muito posteriores, como Tomás de Aquino, encontram-se referências a esta obra. Ao examinar uma questão qualquer, o autor medieval costumava analisar a etimologia das principais palavras envolvidas na discussão. Não o fazia para ostentar erudição, mas por basear-se na convicção de que a denominação da palavra podia conter em si informações sobre a própria realidade referida.

Etimologias é mais do que um livro sobre a linguagem: expressa toda uma visão-do-mundo da época. Compõe-se de vinte livros, cada um elucidando as etimologias das palavras de um determinado campo do saber: I. Gramática; II. Retórica e Dialética; III. Matemática (Aritmética, Geometria, Música e Astronomia); IV. Medicina; V. As leis e os tempos; VI. Os livros e os ofícios eclesiásticos; VII. Deus, os anjos e os santos; VIII. A Igreja e outras religiões; IX. Línguas, povos, reinos, milícia, cidades e parentesco; X. Etimologia de palavras diversas; XI. O homem e os seres prodigiosos; XII. Os animais; XIII. O mundo e suas partes (elementos, mares, ventos etc.); XIV. A terra e suas partes (Geografia); XV. As cidades, os edifícios e o campo; XVI. As pedras e os metais; XVII. A agricultura; XVIII. Guerra, espetáculos e jogos; XIX. Naves, edifícios e vestimentas; XX. Comida, bebida e utensílios.

O gosto que os autores medievais tinham pela etimologia derivava de uma atitude com relação à linguagem bastante diferente da que geralmente temos nós hoje. Na Idade Média, ansiava-se por saborear a transparência de cada palavra; para nós, pelo contrário, a linguagem é opaca e costuma ser considerada como mera convenção (e nem reparamos, por exemplo, em que coleira, colar, colarinho, torcicolo e tiracolo se relacionam com colo, pescoço).

Na verdade, em muitos casos, por trás do interesse pela etimologia está uma determinada concepção do filosofar, do homem e da linguagem. Essa concepção parte do fato (bastante empírico) de que há na vida ocasiões especiais em que a realidade perde seu rosto rotineiro e apresenta-nos uma face nova: de repente intuímos o que é ou o que significa para nós algo ou alguém. Mas essas grandes experiências que o homem tem consigo mesmo e com o mundo, experiências especialmente densas, não possuem um brilho duradouro na consciência reflexiva. Logo se desfazem, escapam-nos. O próprio Isidoro lembra a velha constatação dos gregos: o homem é um ser que esquece!

Essas experiências, contudo, não se aniquilam totalmente; escondem-se, condensam-se, transformam-se, depositam-se... na linguagem! E o filosofar é uma tentativa de lembrar, de resgatar os grandes insights de sabedoria que se encerram na linguagem comum. Comumente, a análise etimológica ajuda nessa tarefa. Ao tratar filosoficamente da gratidão, para citarmos um caso, é importante considerar que quando dizemos "obrigado!" estamos reconhecendo que a gratidão impõe um vínculo, uma obrigação (ob-ligação) de retribuição.

É certo que as etimologias medievais não primavam pelo rigor científico. Se a interpretação dada às origens das palavras nem sempre era uma verdade (e, de vez em quando, chegava mesmo ao ridículo), freqüentemente era bene trovata. Seja como for, a linguagem funcionava para eles de um modo diferente, parecia-lhes saborosa, portadora de notícias sobre a realidade.

Tomás de Aquino, atento à sabedoria da linguagem comum, citava muito Isidoro e se valia dos seus procedimentos etimológicos. Por exemplo, na Suma Teológica, começa o tratado sobre a principal das virtudes cardeais, a prudência [1] , afirmando: ut Isidorus dicit, "como diz Isidoro, prudente (prudens) é o que vê adiante (porro videns), e daí que a prudência seja uma virtude intelectual", etc. E, mais adiante : "prudência deriva de providência, previsão" (II-II,49,7 e também 55,1).

Certamente, Tomás não absolutizava a etimologia e trabalhava criticamente sobre as definições de Isidoro: "Uma coisa é a etimologia de uma palavra; e outra, seu significado. A etimologia nos dá a raiz pela qual a palavra se liga ao significado; mas o significado diz respeito à própria realidade a que a palavra se refere. Por vezes, essas duas dimensões não se identificam: a palavra pedra, lápide (lapis) procede [2] de ferir o pé (laesione pedis), e no entanto não é isto o que ela significa, porque senão o ferro, que também fere o pé, poderia ser chamado de pedra" [3] . Com essas considerações, Tomás refutava a objeção que lhe fora feita e que tentava desqualificar a superstição como pecado contra a virtude da religião, uma vez que, segundo Isidoro, superstitiosos deriva de superstites, isto é, os supersticiosos seriam os que oferecem sacrifícios para que seus filhos lhes sobrevivam (superstites), o que não se oporia à religião.

Dada a importância do tema na Idade Média, apresento inicialmente a tradução [4] do capítulo de Isidoro dedicado à discussão do significado da própria etimologia (que, afinal, é parte da Gramática), e alguns outros exemplos interessantes. Em seguida, destaco, do imenso trabalho de Isidoro, uma seleção de verbetes extraídos do livro X de Etimologias, o mais geral e de maior interesse para a Filosofia. No prólogo desse livro, o autor explica que, embora os filósofos apresentem certos argumentos de derivação (por exemplo: "sábio provém de sabedoria porque primeiro existiu a sabedoria e só depois o sábio") é necessário o trabalho etimológico complementar, que Isidoro pretendeu desenvolver.

 

Algumas Etimologias- Isidoro de Sevilha

(seleção e tradução Jean Lauand)

Livro I, capítulo 29 - a etimologia

1. Etimologia é a origem dos vocábulos, já que por essa interpretação captamos o vigor das palavras [5] . Aristóteles denominou-a symbolon; Cícero, adnotatio, porque a partir de uma instância de interpretação tornam conhecidas as palavras e os nomes das coisas: como, por exemplo, flumen (rio) que deriva de fluere, porque fluindo, cresce.

2. O conhecimento da etimologia é freqüentemente necessário para a interpretação do sentido, pois, sabendo de onde se originou o nome, mais rapidamente se entende seu potencial significativo. O exame de qualquer assunto é mais fácil quando se conhece a etimologia.

Contudo, não foi a todas as coisas que os antigos impuseram nomes segundo a natureza, mas alguns foram impostos arbitrariamente, tal como nós mesmos também fazemos quando damos a bel-prazer nomes a nossos servos e propriedades.

3. Por isso nem sempre podemos achar a etimologia dos nomes, pois há alguns que foram dados pelo arbítrio da vontade humana e não segundo a qualidade com que foram criadas as coisas.

Há etimologias de causa, como é o caso de reges (reis) que vem de regere (reger) e de recte agere (conduzir retamente); outras são de origem, como homo (homem) que provém de humus (terra); outras procedem dos contrários, como lutum (barro), o que deve ser lavado (lotum, lavando), pois o barro não é limpo; ou como lucus (bosque), que, opaco pelas sombras, tem pouca luz (luceat).

4. Algumas são feitas por derivações de nomes como "prudente" de "prudência", ou "gárrulo" de "garrulice"; outras são originadas no grego e passaram para o latim como silva (selva) e domus (casa).

5. Outras ainda procedem dos nomes de localidades, cidades ou rios. Muitas provêm de palavras de diversos povos e é difícil discernir sua origem, pois há muitas palavras bárbaras e desconhecidas dos latinos e dos gregos.

Livro IX, capítulo 7 - para escolher marido/esposa

28. Na escolha de marido, costuma-se atentar para quatro qualidades: virtude, linhagem, beleza e sabedoria. Destas, a mais forte para o amor é a sabedoria.

29. E, também na escolha da esposa, quatro são as qualidades que causam o amor no homem: a beleza, linhagem, riquezas e costumes. É melhor procurar mulher de bons costumes do que bela. No entanto, hoje, os homens vão mais atrás das que são recomendáveis pela riqueza ou pela beleza do que pela honradez dos bons costumes.

Livro X, capítulo 1 - sobre a etimologia de algumas palavras

LETRA A

3. Aluno (alumnus) deriva de alere (alimentar) e, primariamente, aplica-se a quem é nutrido (embora se possa aplicar secundariamente também a quem nutre).

4-5. Amigo (amicus) é como que o guardião da alma (animi custos) (...) e procede de hamus (gancho), isto é, algema de amor. Daí a referência aos anzóis (hami) que prendem.

7. Arrogante (adrogans) é quem se faz muito rogar (rogetur) e é aborrecido.

9. Ávido (avidus) vem de avere (desejar, ansiar). Daí também avaro (avarus). Pois, o que é ser avaro? Ir além do que basta. E o avaro se chama assim porque é ávido de ouro (aurum) e nunca se sacia com os bens; quanto mais tem, mais cobiça. Daí a sentença de Flaco que diz: "O avaro sempre é necessitado". E a de Salústio: "A avareza não diminui com a abundância nem com a penúria".

15. Alienigena é o nascido em outro povo (alia genitus) no qual não está vivendo.

18. Atento (adtentus) é o que retém o que ouve (audiens teneat).

19. Atônito (adtonitus), como que afetado por certa perturbação mental e estupefacto. Procede do estrépito do trovão (tonitruum): da estupefação que ele produz, ou da proximidade do raio, ou da possibilidade de ser atingido por ele.

LETRA B

22. Beatus (feliz, bem-aventurado), como se disséssemos bene auctus (o que se desenvolveu bem, realizado), isto é: quem tem tudo o que quer e não padece o que não quer. Pois verdadeiramente feliz é quem tem todos os bens que quer e não quer senão o bem.

23. Bom (bonus). Acredita-se que bom procede originariamente da beleza (venustate) do corpo, e depois estendeu-se ao espírito.

28. Bruto (brutus) provém de obrutus (enterrado, encoberto) porque carece de sensibilidade ou senso. É, pois, quem não tem razão ou prudência. Por isso, aquele Júnio Bruto, filho da irmã de Tarquínio Soberbo, temendo que lhe acontecesse o mesmo que ao seu irmão (assassinado pelo tio por causa de suas riquezas e de sua prudência), simulou durante algum tempo uma oportuna imbecilidade. Em razão disso, chamando-se Júnio, foi cognominado Bruto.

LETRA C

37. Concorde (concors) recebe esse nome pela união do coração (coniugatione cordis). Pois, assim como consorte (consors) é o que se uniu à sorte de outra pessoa, o concorde une o coração.

43. Calculador (calculator) vem de cálculo (calculus), isto é, pedrinhas que os antigos traziam na mão para fazer contas.

48. Cruel (crudelis), isto é, cru. É o sentido por extensão do omón grego, como se disséssemos: o que não foi cozido e não dá para comer, pois é duro e intragável.

44. Colega (collega), o que está co-ligado (conligatio) por laços de companhia e amizade.

58. Corpulento (corpulentus), o pesado de corpo e lento (corpus / lentus) pelo seu volume.

LETRA D

66. Dócil (docilis), não porque seja douto, mas porque pode ser ensinado (doceri), pois é engenhoso é capaz de aprender.

69. Direto (directus) é o que vai reto. Dileto (dilectus) vem de diligência, amor. São ambos sinais do amor.

77. Dúbio (dubius) é o incerto, como de dois caminhos, duas vias.

78. Delator é quem descobre o que estava oculto (latebat).

79. Demente (demens) é o sem mente ou com a capacidade mental diminuída.

LETRA E

82. Expert (expertus) é o muito perito (peritus). Neste caso, o prefixo ex significa muito.

LETRA F

98. Fácil (facilis) vem de fazer (facere), o que não é tardo em fazer algo.

99. Formoso (formosus) vem de forma. Pois os antigos chamavam o quente e o fervente formum, uma vez que o calor move o sangue e, assim, proporciona beleza.

109. Fútil (futilis) é o vão, supérfluo, loquaz. Metáfora dos vasos de barro (fictilis) que, quando quebrados ou rachados, não retêm o seu conteúdo.

110. Fornicadora (fornicatrix) é a prostituta, cujo corpo é público e de todos. Costumavam debruçar-se sob as arcadas que se chamam também fornices, e daí a palavra fornicária.

LETRA G

112. Grave (gravis) é o venerável ( [6] ). Daí que, aos desprezíveis, chamemos leves, levianos. Grave pela constância e pelo juízo, pois não muda ao menor movimento, permanecendo firme graças ao peso da firmeza e da constância.

LETRA H

114. Humilde (humilis), como que inclinado à terra (humus).

115. Honorável (honorabilis), digno da honra (honore habilis)

116. Honesto (honestus), que nada tem de torpe. Pois o que é a honestidade senão a honra perpétua e a honra estável (honoris status)?

LETRA I

122. Engenhoso (ingeniosus) é quem tem capacidade interior de conceber (gignere) uma arte qualquer.

122. Inventor (inventor) é quem encontra (invenire) o que estava procurando.

125. Jucundo (iocundus) é aquele que está sempre disposto para as brincadeiras (jocus) e para o riso; indica ação freqüente como iracundo. Jocoso (iocosus), dado a brincadeiras.

135. Infame (infamis), que não tem boa fama.

136. Importuno (importunus) é quem não tem porto, isto é, quietude, repouso. Por isso os importunos vão logo a naufrágio.

148. Impudico (impudicus) vem de podex (ânus).

LETRA K

("letra supérflua, por causa do C latino" - I,4,12)

LETRA L

157. Longânime (longanimus) é o que tem a alma grande, longa (long-anima, magn-anima), e não se deixa perturbar por paixão alguma, é paciente e resiste a tudo. O contrário é o pusilânime, estreito, que não resiste a nenhuma tribulação.

160. Libidinoso (libidinosus) é o que faz o que bem entende (libet).

LETRA M

168. Modesto (modestus) vem de medida (modus) e equilíbrio; é aquele que age na medida certa, nem mais, nem menos.

170. Mestre (magister) é quem tem um posto mais elevado (maior in statione); já ministro (minister) é quem tem um posto menos elevado (minor in statione) ou executa seu ofício com as mãos.

LETRA N

184. Nobre (nobilis) é o não vulgar (non vilis), de nome e linhagem conhecidas.

187. Neutro (neuter), o que não é nem uma coisa nem outra (ne uterque).

LETRA O

196. Obediente (obaudiens) é o que vem do ouvido, é aquele que ouve (audiens) a quem ordena.

LETRA P

201. Prudente (prudens), como se disséssemos que alguém vê adiante (porro videns).

207. Presente (praesens) é o que está diante dos sentidos (prae sensibus), diante dos olhos que são sentidos do corpo.

222. Pérfido (perfidus) é o fraudulento, que não cumpre a palavra, que perdeu a confiabilidade (perdens fidem)

LETRA Q

232. Quaestor (título de uma classe de magistrados romanos). Vem de quaerere (procurar, perguntar, investigar, questionar).

LETRA R

238. Réu (reus) vem de res (coisa, causa), pela qual alguém se faz punível. Já reato (reatum) deriva de réu.

239. Rústico (rusticus) é quem trabalha no campo (rus), isto é, na terra.

LETRA S

240. Sábio (sapiens) vem de sabor (sapor), pois, assim como o paladar é apto para discernir os sabores dos alimentos, assim também o sábio distingue as coisas e as causas, pois conhece cada uma e sabe discernir o sentido da verdade. Por isso, o contrário do sábio é o insipiente (insipiens), aquele que não tem paladar nem sensibilidade.

243. Speciosus (belo) vem de species (forma, figura, aparência, aspecto, tal como formoso (formosus) vem de forma.

248. Soberbo (superbus) é quem quer ser considerado acima (super) do que realmente é.

261. Surdo (surdus) vem da sujeira (sordes) da secreção do ouvido. E embora haja diversas causas para a doença da surdez, o nome procede desse defeito.

LETRA T

82. Timidus (temeroso, tímido), o que teme intensamente, o que procede do sangue: o temor gela o sangue que, assim afetado, gera o temor.

LETRA V

274. Vir (homem) vem de virtude.

Livro XI, capítulo 2 - as idades do homem

1. As divisões de idade (do homem) são seis: infância (infantia), meninice (pueritia), adolescência (adolescentia), juventude (iuventus), maturidade (gravitas), e velhice (senectus).

2. A primeira idade é a infância [7] , que vai desde o nascimento até os 7 anos.

3. A segunda idade é a da meninice (pueritia, que procede etimologicamente de pura), ainda não apta para a procriação. Estende-se até os 14 anos.

4. A terceira é a da adolescência [8] , já "adulta" para a procriação. Dura até os 28 anos.

5. A quarta idade é a juventude [9] , a mais firme de todas, e termina aos 50 anos.

6. A quinta é a da maturidade (senioris) [10] , isto é, gravidade, que é a passagem da juventude para a velhice. O homem maduro ainda não é velho, mas também já não é jovem, porque está numa idade mais avançada a que os gregos chamam presbyter. Pois o velho entre os gregos não é chamado presbyter [11] , mas géron. Esta etapa começa aos 50 anos e termina aos 70.

7. A sexta idade é a velhice, que não tem limite superior. E é considerada velhice toda a duração que a vida vier a ter após as 5 idades anteriores.

8. Senil (senium) se diz da última parte da velhice (senectutis) porque é o fim da sexta idade [12] . Os filósofos distribuíram a vida humana nestas seis etapas na qual a vida transcorre e vai se transformando até atingir o termo da morte.



[1] . Prudência não significava, na época, a cuidadosa cautela de hoje, mas a grande virtude da objetividade na decisão certa numa situação concreta.

[2] . Tomás não repara em que a etimologia do caso é falsa.

[3] . II-II, 92, 1.

[4] . A partir do original latino das Etymologiarum editado por J. Oroz Reta, Madrid, BAC, 1982.

[5] . Verbi vel nominis, verbos ou nomes. Isidoro, seguindo o gramático Donato, distingue na oração oito partes que, afinal, reconduzem às duas mais importantes: os nomes e os verbos (cfr. I,6 e ss.).

[6] . O sentido primeiro de gravis é pesado. Daí, por exemplo, a "lei da gravidade". Por extensão, grave e gravidade no sentido de respeitabilidade; e, complementarmente, leviano no sentido de frívolo.

[7] . Como explica adiante o próprio Isidoro, "o homem na primeira idade é chamado infante (infans) porque não é capaz de falar (in-fans). Não tendo ainda os dentes bem arranjados, menos ainda é capaz da linguagem".

[8] . Adolescens, adolescente, é o particípio presente do verbo adolesco (adolescere), crescer. Isto é, do mesmo modo que gestante é aquela que está em processo de gerar e presidente, o que exerce o ato de presidir; adolescente é o protagonista do processo de crescer, de desenvolver-se. Adulto (adultus) é outro particípio do mesmo verbo e significa: crescido.

[9] . Segundo Isidoro, jovem (juvenes) porque já pode ajudar (juvare), colaborar no trabalho.

[10] . Daí a nossa palavra "senhor".

[11] . Um esclarecimento, talvez devido ao fato de se usar em latim a palavra presbyterus para designar os sacerdotes.

[12] . Isidoro joga com as palavras senium (senil) / senio (seis), e aqui se vê também a origem da Sena (loteria).