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Amor e Cortesia na Literatura Medieval

 

Raúl Cesar Gouveia Fernandes

 

Um cavaleiro, que ultrapassava a todos em honra e bravura, buscava salvar a rainha da mão de seus raptores. Procurando-a pela floresta, Lancelote topa com um anão. O homenzinho recusa-se a dar notícias de Ginevra, a menos que o cavaleiro abrisse mão de sua honra, montando numa charrete que ele conduzia, do tipo utilizado para o vil desfile de ladrões e assassinos condenados. Após vacilar por um instante, Lancelote aceita e deixa-se levar pelo anão, pois Amor assim o exigia. Essa breve hesitação, no entanto, custará caro: quando ele finalmente encontrar Ginevra, ela desprezará seu amor por considerá-lo indigno de si. Após ter enfrentado a infâmia e muitos outros perigos para salvá-la, Lancelote queda mudo enquanto a rainha afasta-se dele e entra em seus aposentos:

                        Li cuers, qui plus est sire et mestre

                        et de plus grant pooir assez,

                        s'an est oltre aprés li passez,

                        et li oil sont remés defors,

                        plain de lermes, avoec le cors [1] .

A figura deste amante, em quem se combinam a ousadia e o desprendimento do herói e a resignação do mais humilde servo, continua profundamente familiar ao leitor moderno; a despeito da enorme distância que nos separa da sociedade feudal, algo dos episódios lembrados permaneceu vivo na literatura e na imaginação contemporâneas. O primeiro a distinguir o principal motivo deste misto de identificação e estranhamento que nos causa a literatura do século XII talvez tenha sido Gaston Paris quando, há mais de cem anos, referindo-se justamente ao Lancelote ou o Cavaleiro da Carreta de Chrétien de Troyes, pôs em circulação a expressão “amour courtois”, aceita em seguida unanimemente pela crítica (1883, p. 519). Esta nova maneira de representar o sentimento amoroso que a desde então a crítica chama de “amor cortês” — criação dos trovadores da Provença, região do Sul da França, que dali se difundiu para o resto da Europa — é o principal legado da poesia dos séculos XII e XIII, e desde então tem sido um dos temas recorrentes da literatura ocidental. Na verdade, embora os trovadores provençais preferissem chamá-lo “fin’amors”, a designação “amor cortês” não foi cunhada por Gaston Paris, pois o trovador Peire d’Alvernh já empregara a expressão “cortez’amors” em um poema seu e a associação entre o amor e a cortesia é freqüente na literatura medieval [2] . Esta nova concepção do amor nasce, com efeito, intimamente ligada à vida das cortes senhoriais do século XII e ao código de conduta nelas desenvolvido: a cortesia.

Durante o século XI, o latim deixa de ser o único veículo de expressão escrita. A partir da estréia literária das línguas vulgares, foi franqueado o acesso da classe senhorial à literatura que, assim, se adaptou ao gosto e aos interesses das cortes feudais. Neste mesmo período, a nobreza feudal começou a identificar-se como grupo socialmente definido em oposição às novas forças da burguesia emergente e do poder régio, que retomava fôlego após mais de dois séculos de debilidade crônica; a conseqüência deste duplo movimento de auto-afirmação e contraposição, segundo Marc Bloch, é o fechamento da incipiente nobreza em si mesma (1987, pp. 297-344). Antes de mais nada, o isolamento da aristocracia se deu através do estabelecimento de uma série de privilégios hereditários que visavam a dificultar o acesso de membros de outras camadas sociais a títulos nobiliárquicos, como o de cavaleiro. Dessa forma, estipulou-se que somente seriam aceitos na cavalaria descendentes de cavaleiros; no século XII, sob a influência da Igreja, este grupo dos miles passou a ser considerado uma ordo e tornou-se o próprio símbolo da aristocracia [3] . Se, no entanto, de acordo com Johan Huizinga, a ordem da cavalaria pode ser descrita “como um ideal estético revestindo o aspecto de ideal ético” (s/d, p. 71), é porque a definição de um estatuto jurídico diferenciado não bastava para que a nobreza afirmasse sua superioridade social: era necessário criar também um estilo de vida, um código de conduta que distinguisse com clareza o grupo dos privilegiados. A ordem da cavalaria foi o meio encontrado pela nobreza para resguardar-se no plano institucional; a afirmação dos valores morais desta elite foi a função desempenhada pelo ideal da cortesia.

O termo cortezia, derivado de court (corte) para designar o conjunto de qualidades do nobre e o modo de viver da aristocracia, faz sua aparição na poesia provençal do século XII e, assim como a cavalaria, a noção de cortezia “répresente, indissolublement liés, un fait social et un fait littéraire” (Frappier, 1959, p. 135). Do Meio-Dia francês, ponto irradiador da nova literatura, as concepções corteses se difundiram para outras regiões européias ao longo dos séculos XII e XIII, a começar pela região Norte da França, na qual a cortezia provençal foi traduzida por courtoisie. A influência da lírica provençal também cruzou os Pireneus e atingiu a Península Ibérica, onde o termo cortesia, embora pouco freqüente, é utilizado, por exemplo, pelo clérigo e poeta aragonês Martin Moya.

A cortesia não é apenas o código de etiqueta próprio da vivência refinada da corte, mas uma verdadeira moral idealizada da elite feudal. “En los versos trovadorescos”, diz Martín de Riquer, “la cortezia es una noción muy concreta, aunque muy amplia, pues supone la perfección moral y social del hombre del feudalismo: lealtad, generosidad, valentía, buena educación, trato elegante, aficción a juegos y placeres refinados, etc” (1975, p. 85). Quem não participava do restrito círculo da boa sociedade era pejorativamente tachado de vilão; o estilo aristocrático deveria ser a antítese da rusticidade, da vilania [4] . Não faltam exemplos do caráter segregador e preconceitoso do ideal da cortesia na literatura da época, a começar por Guilhem IX da Aquitânia, o primeiro trovador provençal conhecido:

                        Obediensa deu portar

                        a maintas gens qui vol amar;

                        e cove li que sapcha far

                        faitz avinens

                        e que.s gart en cort de parlar

                        vilanamens [5] .

João Soares Coelho, trovador português do século XIII, também manifesta seu desprezo pelo vilão, que é inapto para o amor (Brea, 1996, no 85,11):

                        (...) o mal vilan non pode saber

                        de fazenda de bõa dona nada.

A prolongada permanência dos vassalos e cavaleiros na corte senhorial foi naturalmente o grande estímulo gerador deste ideal de comportamento. A cortesia surge como reflexo da disciplinada e galante convivência aristocrática durante as assembléias convocadas para que os dependentes do suserano prestassem o auxilium e o consilium devidos. É esclarecedor, neste sentido, o fato de muitas novelas de cavalaria, normalmente ambientadas na corte arturiana, aludirem a tais reuniões, como a versão portuguesa de A Demanda do Santo Graal, que começa justamente por ocasião de uma destas “cortes”: “Véspera de Pinticoste, foi grande gente assuada em Camaalot assi que pudera homem i veer mui gram gente, muitos cavaleiros e muitas donas mui bem guisadas” (Nunes, 1995, p. 19). Ora, como lembra o narrador, na corte não se encontravam apenas vassalos e cavaleiros, mas também “muitas donas”, as acompanhantes da rainha ou da esposa do senhor. Nestes encontros, elas desempenhavam um papel em nada secundário: diante das “damas e damizelas”, os cavaleiros exibiam suas qualidades físicas em justas e torneios [6] ; o código da cavalaria estabelecia também que as mulheres deveriam ser honradas e defendidas, se necessário fosse, com risco da própria vida do cavaleiro.

A cortesia coloca, portanto, a mulher no centro das atenções: ela é o motivo, a inspiração e o objetivo das boas ações que cavaleiros e namorados devem empreender. “Los hombres no son nada ni pueden beber de la fuente de la bondad a menos que lo hagan impulsionados por la persuasión femenina”, diz Andreas Capellanus em seu famoso tratado De Amore; “Es evidente, pues, que todos deben esforzarse en consagrar sus servicios a las damas, para poder así recoger la luz de su gracia” (1985, pp. 203-205).

Se os testemunhos literários comprovam amplamente o papel educativo conferido ao elemento feminino, a discussão acerca do real estatuto da mulher na sociedade à época do florescimento da literatura cortês é, contudo, longa e controversa. Enquanto de acordo com a historiadora francesa Régine Pernoud os séculos feudais corresponderam ao apogeu do processo de promoção social feminina e, ao contrário, “o lugar da mulher no seio da sociedade parecia diminuir lentamente na proporção em que o poderio burguês se afirmava” (1984, p. 7), Georges Duby manifesta posição exatamente oposta: será preciso, em sua opinião, aguardar o final da Idade Média (justamente quando da ascensão da burguesia) para que a voz feminina se faça ouvir nas fontes históricas acessíveis (1989, p. 95). Opiniões contraditórias quanto às mulheres permeiam, de resto, todos os textos medievais: se, por um lado, o anúncio cristão desde seus primórdios proclamou a dignidade da pessoa humana e a igualdade de todos diante de Deus, fornecendo assim elementos para a emancipação feminina [7] , de outro lado, não faltam exemplos de páginas francamente misóginas por toda a literatura latina cristã. Alguns autores hesitam, e a defesa da dignidade feminina comparece lado a lado com as piores acusações contra sua natureza volúvel e maldosa. Este é o caso do franciscano catalão Francesc Eiximenis, autor de um Llivre de les Dones redigido provavelmente no final do século XIV. Ao discorrer sobre os efeitos do pecado original no gênero humano, declara que o quinhão da mulher foi ser “condannata ad essere abassata sino alle bestie, ad avere sempre voce di fanciullino e viso d’infante (...). Quando è turbata emette il raglio dell’asino; la sua difesa è quella di graffiare e sgraffinare, come un gatto, chiunche in viso con le sue unghie; quando poi è malcontenta ringhia come un cane”; em outra passagem, no entanto, o franciscano afirma que a serpente enganou Eva por inveja de sua graça e beleza, advertindo os que “combattendo contro le donne in generale, combattono contro il loro Creatore” (1986, pp. 48 e 5, respectivamente). Mais de cem anos antes dele, Afonso X já colocara lado a lado as duas matrizes da visão medieval da mulher, Eva e a Virgem, numa das famosas Cantigas de Santa Maria (Mettmann, 1986, no 60) : “Entre Av’ e Eva / gran departiment’ á”.

Uma polêmica ordem religiosa francesa nascida no final do século XI aplicou de forma inédita a prescrição de Andreas Capellanus: em Fontevraud, os monges deviam obediência a uma abadessa. As palavras atribuídas a Robert d’Arbrissel, o fundador da ordem, lembram os trechos já citados do De Amore: “Vous savez comment tout ce que j´ai érigé en ce monde, je l’ai fait pour les religieuses et c’est à elles que j’ai offert toute la force de mes talents, et ce qui est bien plus encore, je me suis soummis, moi et mes disciples, à elles pour le bien de nos âmes. Voilà porquoi j’ai disposé, soutenu par votre conseil, que cette congrégation soit gouvernée de mon vivant par une abesse; que personne après ma mort n’ose par hasard contredire à cette disposition” (Bezzola, 1940, p. 199). Guilhem da Aquitânia, que é considerado o iniciador da poesia trovadoresca, foi contemporâneo de Robert d’Arbrissel e assistiu a suas duas esposas, Emengarda de Anjou, que rejeitara, e Phillipa de Tolosa, que o abandonara devido a sua notória infidelidade, entrarem na abadia de Fontevraud. Há quem explique a obra do poeta como uma emulação com o religioso, opondo ao misticismo de Arbrissel “uma espécie de misticismo mundano” (Dalarun, 1990, p. 77).

Para além destas conjecturas, é fato aceite que a evolução da concepção acerca da mulher nos meios clericais pode ser considerada precursora do ideal da cortesia. Venâncio Fortunato, poeta e monge do século VI, por exemplo, compôs hinos dirigidos a Santa Radegunda, rainha dos francos que terminou seus dias como monja em Santa Cruz de Poitiers; em seus louvores à rainha, já se anunciam certas características da poesia trovadoresca:

                        Mater honore mihi, soror autem dulcis amore,

                        Quam pietate fide pectore corde colo,

                        Caelesti affectu, non crimine corporis ullo:

                        Non caro, sed hoc spiritus optat am (...)

                        Quae carae matri, quae dulci verba sonori

                        Solus in absenti cordis amore loquar? [8]

De acordo com Paul Imbs, esta “amizade espiritual” entre religiosos e religiosas, quando “s’étend aux dames du monde, crée tout au plus une atmosphère favorable au développement de la fin’amor” (1969, p. 270).

Para Chrétien de Troyes, o modelo de cortesia é uma mulher, a rainha Ginevra, elogiada por Galvão no Conte du Graal nos seguintes termos: ela trata a todos bem e conforta os desanimados; educa as crianças e os cavaleiros; com efeito,

                        Que de li toz biens descent

                        Et de li vient et de li muet (...)

                        Nus hom bien ne honor ne fait

                        Qui a ma dame apris ne l’ait [9] .

Uma vez que o homem é incapaz de se aperfeiçoar sem o estímulo e o exemplo femininos, é conveniente que ele se ligue a uma mulher que o incentive na prática das virtudes. É fácil compreender, portanto, que a característica mais saliente da moral da cortesia seja o amor: só pode amar quem é cortês, mas também é o amor que educa a virtude da cortesia. Embora não se confundam, as duas noções — amor cortês e cortesia — são intimamente relacionadas: “en réalité les termes de courtois et de courtoisie tantôt désignent, dans un sens large, la générosité chevaleresque, les élégances de la politesse mondaine, une certaine manière de vivre, et tantôt, dans un sens plus restreint, un art d’aimer innaccessible au commun des mortels, cet embellissement du désir érotique, cette discipline de la passion et même cette réligion de l’amour qui constituent l’amour courtois”. O amor cortês, continua Jean Frappier, “répresente, si l’on veut, le raffinement extrême de la courtoisie” (1959, p. 136). O trovador Marcabru já expressara esta relação numa fórmula sintética: “cortesia est d’amar”, isto é, “a cortesia é amar” (apud Ferrante, 1980, p. 688). É o que nota também Maria de França acerca do protagonista de um de seus lais: Guigemar era um jovem e belo cavaleiro, cuja fama se espalhara pela Lorena, Borgonha e Anjou em virtude de sua bravura; em suma, um verdadeiro modelo de cortesia. E, no entanto, embora todas as donzelas do reino o desejassem tomar por marido, ele era indiferente ao amor:

                        De tant i out mespris nature

                        Kë unc de nul’amur n’out cure.

                        (...) Pur ceo le tienent a peri

                        E li estrange e si ami [10] .

Todos o consideravam perdido exatamente porque as virtudes corteses são nada se desacompanhadas do amor: é ele que estimula e dá sentido à cortesia. O sentimento amoroso assume, portanto, um caráter educativo, segundo o qual o amante se aperfeiçoa moralmente através da paciente e humilde servidão em que se vê posto, pois somente o amor pode conduzir o homem à plenitude e à perfeição; nas palavras de Andreas Capellanus, o amor é “fons et origo bonorum”, ou seja, “fonte e origem de todo bem” (1985, p. 132).

Referências Bibliográficas

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2. Estudos Gerais.

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HUIZINGA, Johan (s/d). O Declínio da Idade Média. Lisboa, Ulisséia.

IMBS, Paul (1969). “De la Fin’ Amor”, in: Cahiers de Civilisation Médiévale, XII, pp. 265-286.

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MATTOSO, José (1991). Identificação de um País. Ensaio sobre as Origens de Portugal (1096-1325). Lisboa, Editorial Estampa, 2 vols.

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PERNOUD, Régine (1984). A Mulher no Tempo das Catedrais. Lisboa, Gradiva.



[1] “O coração, dono e senhor que tem mais poder, passou com ela [para o quarto] e os olhos ficaram do lado de fora, cheios de lágrimas, com o corpo”. Chrétien de Troyes, 1991, vv. 3976-3980, p. 264 para o original; 1994, p. 88 para a tradução.

[2] Joan Ferrante cita este e vários outros exemplos da conexão entre os conceitos de amor e de cortesia na literatura européia dos séculos XI-XIII para concluir que “courtly love is not a figment of a nineteenth-century imagination, not simply a useful term wich we choose to preserve, but a perfect valid medieval concept” (1980, p. 695).

[3] Cf. Duby, 1994, pp. 210-211 e 319-328. Na Península Ibérica, o processo de afirmação da nobreza, apesar de seguir os traços gerais expostos, tem suas especificidades.  A primeira delas é a existência de “cavaleiros vilãos” em  Portugal e Castela — os coteifes satirizados por Afonso X em algumas cantigas de escárnio. José Mattoso esclarece que “o processo que levará a distinguir cada vez mais claramente a cavalaria vilã da nobre acentua-se primeiro em Leão e Castela, depois em Portugal. Um dos mais evidentes indícios do ‘fechamento’ da nobreza naqueles reinos é constituído pelas normas estabelecidas pelo concílio de Leão em 1194, no qual Afonso IX proíbe sob severa pena que qualquer senhor faça cavaleiro o rústico dos senhorios régios cujos pais não o eram” (1991, vol. 1, p. 124).

[4] Em Yvain ou o Cavaleiro do Leão, Chrétien de Troyes descreve um vilão como uma criatura selvagem e disforme, a ponto de questionar se se tratava realmente de um ser humano (1989, pp. 5-6. A passagem é analisada por Jacques Le Goff, 1985, em especial às pp. 149-150). Cf. também Duby, 1994, pp. 304-306 e Mattoso, 1991, v. 1, pp. 229-232.

[5] “El que quiere amar debe profesar obediencia a mucha gente, y le conviene saber hacer acciones amables y guardarse de hablar pueblerinamente en corte”. “Pos vezem de novel florir”, vv. 31-36 (Riquer, 1975, p. 121-123). A tradução substitui o termo “vilanamens” por “pueblerinamente”.

[6] “As lutas desportivas sempre e por toda a parte contiveram um elemento dramático e um elemento erótico. Nos torneios medievais estes dois elementos eram de tal modo dominantes, que o seu caráter de competição, de força e de coragem quase tinha sido obliterado em favor do seu conteúdo romântico” (Huizinga, s/d, p. 82). Sobre o caráter lúdico e dramático dos torneios cavaleirescos e sua função social, cf. também Duby, 1994, pp. 287-288.

[7] “Pour la première fois dans l'histoire, le christianisme a professé l’égalité des sexes”, afirma Gabriel Le Bras (1968, p. 199). Duby também acredita que um aspecto diferenciador do Cristianismo medieval frente ao Judaísmo e ao Islamismo é exatamente o maior grau de participação feminina na vida religiosa (1989, p. 98).

[8] Reto Bezzola, 1944, p. 67. A tradução francesa deste trecho de Fortunato é a seguinte: “Mère honorée, soeur douce, / Que je révère d'un coeur pieux et fidèle, / D'une affection céleste, sans nulle touche corporelle, / Ce n'est pas la chair qui aime en moi, / Mais ce que souhaite l'esprit... / Quels mots dirai-je à une mère aimée, à une douce soeur / Seule en l'absence de l'amour de mon coeur?” (Pernoud, 1984, p. 39).

[9] “Dela descendem todos os bens (...). Nenhum homem faz honra ou bem que não tenha aprendido de minha senhora”. Troyes, 1959, vv. 8188-8189 e 8195-8196, p. 241 para o original, e 1992, p. 136 para a tradução.

[10] “En un punto tan sólo falló Naturaleza ante su protegido: éste no se ocupaba de amor alguno (...). Extraños y amigos le consideraban, por esta razón, perdido” (1975, vv. 57-58 e 67-68, pp. 40-41).