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Sentenças sobre a
Inveja e a Avareza
[1]

 

Santo Tomás de Aquino
Trad. de Jean Lauand

 

A inveja

A inveja (junto com a avareza) é - tanto para Tomás como para a sabedoria do pára-choque do irmão da estrada - um dos vícios capitais mais detestáveis. A inveja, in-vidia, invidentia, é não-ver, não querer ver o bem do outro.

As metáforas da inveja

A inveja é podridão

1. A propósito de Prov 14, 30: "A inveja é a podridão dos ossos", comenta Gregório (Mor. 6, 7): "Pelo vício da inveja, desfazem-se aos olhos de Deus os bons atos das virtudes". (Malo, 10, 2 sc 1)

"Sed contra. Est quod Gregorius dicit exponens id quod habetur Prov. XIV, 30: putredo ossium invidia. Per livoris (inquit) vitium ante dei oculos pereunt bene acta virtutum."

Roer-se de inveja.

2. A inveja é comparada à traça, que rói ocultamente as vestes, pois dilacera o amor e, por isso, desfaz a unidade. (Cat. Aur. in Matt 6, 14)

"Allegorice autem...  tinea, quae vestes latenter rodit, invidia est, quae bonum studium lacerat, et per hoc compactionem unitatis dissipat."

3. Roído pela inveja (Super Ev Mt cp 6 lc 5)

"Per invidiam corroduntur."

A inveja é tortuosa, como a cobra. A inveja é sombria e tenebrosa

4. Distorcer é entortar o que era reto. Daí que por cobra tortuosa se entendam aquelas criaturas cuja beleza se obscureceu pelo pecado e distorceram sua retidão, principalmente o diabo, por quem a inveja entrou no mundo. De sua tenebrosidade fala Jó : "Dorme em sombras; esconde-se entre as canas". (In II Sent.)

"Distortum enim est quod rectitudine obliquatur. Et ideo per hunc colubrum tortuosum creaturae illae intelligi possunt quarum pulchritudo est per peccatum obscurata et rectitudo obliquata, et praecipue diabolum, cujus invidia mors intravit in orbem terrarum, Sap. 3, et de umbrositate ejus dicitur Job 40, 16: sub umbra dormit in secreto."

O fedor da inveja

5. Mas para outros é na verdade odor da morte que leva à morte, isto é, da inveja e maldade que ocasionalmente os conduzem (os invejosos) à morte eterna...

"Sed aliis quidem est odor mortis in mortem, id est, invidiae et malitiae occasionaliter ducentis eos in mortem aeternam, illis scilicet qui invidebant... "

O espinho da inveja

6. Outros, porém, espicaçados pelo espinho da inveja... (Catena Aurea in Lucam cp 11 lc 4)

"Alii vero paribus stimulati livoris aculeis."

7. Movidos pelo espinho da inveja. (Catena Aurea in Lc cp 7 lc 3)

"Invidia stimulante... "

A inveja morde

8. Alguns estavam mordidos de inveja. (Catena Aurea in Mt cp 20 lc 1)

"Hoc ut ostendat aliquos esse invidia morsos..."

A inveja é cega

9. Atingidos pela cegueira da inveja. (Catena Aurea in Mt cp 21 lc 1)

"Sed invidia caecatos scribas et pharisaeos..."

10. Porque estavam completamente dominados pela cegueira da inveja. (Catena Aurea in Mt cp 27 lc 4)

"Quia eos omnino invidia excaecaverat"

A inveja queima

11. Torturados de inveja, queimados de inveja. (Catena Aurea in Mt cp 21 lc 4)

"...Invidia torquebantur. itaque  non sufferentes in pectore suo invidiae stimulantis ardorem..."

12. A febre da inveja. (Super Ev Mt cp 8 lc 3)

"Haec febricitabat, scilicet synagoga, febre scilicet invidiae."

A inveja envenena

13. O veneno da inveja. (Catena Aurea in Mt cp 22 lc 5)

"Ex hoc autem intelligimus venena invidiae superari posse, sed difficile quiescere."

O arroto da inveja

14. O arroto da inveja. (Sermones 2, ps 3)

"Difficile est quod cor plenum invidia non eructet quandoque aliquid ex illo, quia ex abundantia cordis os loquitur."

A inveja avinagra

15. A inveja é representada pelo vinagre. (Super Ev. Io. cp 19, lc 5)

"Mystice autem per haec tria signantur tria mala quae in iudaeis erant: scilicet invidia per acetum etc."

A inveja dói

16. Há certos pecados que são dores, como a acídia e a inveja. (In IV Sent. d 17, q 2, a 1, 5)

"Sed quaedam peccata sunt dolores, sicut invidia et accidia."

Outros aspectos da inveja

17. Vejo, mas não invejo... (Catena Aurea in Io. cp9 lc 4)

"Video, sed non invideo." (trocadilho de Santo Agostinho)

18. Não há nada mais vil do que a inveja. (Catena Aurea in Io. cp 4 lc 9)

"Nihil enim livore et invidia deterius."

19. Freqüentemente os soberbos julgam os outros superiores em muitas coisas, sem no entanto deixarem de se considerar mais dignos delas, por causa dos bens em que os outros parecem superá-los, da própria soberba nasce um zelo de inveja. (In II Sent. d 21 q 2 a 1 r 1)

"Unde superbi frequenter alios se superiores in multis aestimant, qui tamen multa sibi magis digna esse cogitant, propter alia bona in quibus alios excedere videntur: et ideo ex ipsa superbia invidiae zelus oritur."

20. (O ódio pode surgir também...) quando alguém por semelhança impede a fruição da realidade amada por alguém que a ama. E isto se dá em todas as coisas que não podem ser simultaneamente possuídas por vários, como é o caso das coisas materiais. Daí que quem ama o proveito ou o prazer de algo, impeça a fruição desse algo por outro que, tal como ele, quer se apropriar daquilo. Daí o ciúme, que não suporta participação no amado, e a inveja, que pensa que o bem do outro é obstáculo para seu próprio bem. (In II Sent. d 27, q 1, a 1, ad 3)

"Secundo quando aliquis ex ipsa similitudine impedit amantem ab amati fruitione; et hoc  invenitur in omnibus rebus quae non possunt simul a multis haberi, sicut sunt res temporales; unde qui amat lucrum de aliqua re, vel delectationem, impeditur a fruitione sui amati per alium, qui sibi vult similiter illud appropriare; et hinc oritur zelotypia, quae non patitur consortium in amato; et invidia, inquantum bonum alterius aestimatur impeditivum boni proprii."

21. Há certos pecados que se cometem por tristeza, como a acídia e a inveja. (In IV Sent. d 17, q 2, a 2, 1)

"Sed quaedam peccata per tristitiam committuntur, sicut acidia et invidia."

22. (Nos condenados do inferno) Agiganta-se o ódio e a inveja, porque preferem ser mais torturados com muitos do que menos torturados sozinhos. (In IV Sent. d 50, q 2, a 1, ad3)

" (...) Superexcrescet odium et invidia, quod eligerent torqueri magis cum multis quam minus soli."

23. Só a soberba e a inveja são pecados puramente espirituais, portanto do âmbito possível dos demônios. (I, 63, 2 ad 2)

"Sola superbia et invidia sunt pure spiritualia peccata, quae daemonibus competere possunt."

24. Como a inveja se sente da glória de outrem enquanto ela diminui a glória desejada, apenas sentimos inveja daqueles a quem pretendemos igualar-nos ou a quem, em glória, nos preferimos; o que não se verifica quanto aos que estão de nós muito distantes. Com efeito, ninguém a não ser um louco, se empenha em se igualar ou superar em glória os que são muito maiores: não só o rei não inveja o plebeu; também o plebeu não inveja o rei. E, assim, um homem não inveja os que estão muito longe por lugar, tempo ou prestígio; mas os que estão perto - esses são os que incomodam - e aos quais ele quer se igualar ou superar. (II-II, 36, 1, ad 2)

"Quia invidia est de gloria alterius inquantum diminuit gloriam quam quis appetit, consequens est ut ad illos tantum invidia habeatur quibus homo vult se aequare vel praeferre in gloria. Hoc autem non est respectu multum a se distantium, nullus enim, nisi insanus, studet se aequare vel praeferre in gloria his qui sunt multo eo maiores, puta plebeius homo regi; vel etiam rex plebeio, quem multum excedit. Et ideo his qui multum distant vel loco vel tempore vel statu homo non invidet, sed his qui sunt propinqui, quibus se nititur aequare vel praeferre."

25. Ninguém inveja o que é possuído comumente por muitos: ninguém inveja, por exemplo, que outro possa conhecer a verdade, o que é possível para todos, mas talvez a excelência desse conhecimento. (I-II, 28, 4 ad 2)

"Non autem proprie ex his quae integre possunt a multis possideri, nullus enim invidet alteri de cognitione veritatis, quae a multis integre cognosci potest; sed forte de excellentia circa cognitionem huius."

26. É freqüente que homens que exercem o mesmo ofício se comportem insidiosa e invejosamente entre si. É como diz o provérbio: "oleiro inveja oleiro" e não carpinteiro. (Super Ev. Io cp 3, lc 4)

"Nam communiter videmus hic, homines eiusdem artis insidiose et invide se habere ad invicem. Figulus figulo invidet, non autem fabro."

27. Como os soberbos freqüentemente julgam os outros superiores a si em muitas coisas (...) da própria soberba nasce a inveja (In II Sent. d 21, q 2, a 1, ad 1)

"Unde superbi frequenter alios se superiores in multis aestimant (...) et ideo ex ipsa superbia invidiae zelus oritur. "

28. Pois diz Gregório: "Quando a podridão da inveja corrompe o coração já vencido, os próprios sinais exteriores indicam quão gravemente o desvario instiga o ânimo: o rosto empalidece, os olhos se abatem, a mente se inflama, os membros esfriam, a imaginação se enraivece e os dentes rangem". (II-II, 36 , 2, 4)

"Dicit enim Gregorius, V Moral., cum devictum cor livoris putredo corruperit, ipsa quoque exteriora indicant quam graviter animum vesania instigat, color quippe pallore afficitur, oculi deprimuntur, mens accenditur, membra frigescunt, fit in cogitatione rabies, in dentibus stridor."

29. Há pecados que se cometem não para ganhar algo, mas só para destruir, como é o caso do homicídio, da inveja e outros que tais (In II Sent. d 35, q. 1, a5 ex).

"Aliquod enim peccatum est quod est ad corrumpendum, et non ad aliquid acquirendum, ut patet in homicidio et invidia, et hujusmodi. "

30. Da inveja nasce o ódio (II-II, 34, 6, c)

"Ex invidia oritur odium. "

31. A ira pode ser boa ou má; ao contrário da inveja, que basta nomeá-la, e já soa como algo mau. (II-II, 158, 1 , c)

"Et ideo invidia, mox nominata, sonat aliquid mali, ut Philosophus dicit, in II Ethic.. hoc autem non convenit irae, quae est appetitus vindictae, potest enim vindicta et bene et male appeti."

32. A inveja, em geral, procede da soberba. Com efeito, a tristeza pelo bem alheio dá-se no homem porque aparece como obstáculo à própria excelência. (De Malo 8, 1, ad 5)

"Invidia, ut in pluribus, ex superbia oritur; propter hoc enim homo maxime tristatur de bono alterius, quia est propriae excellentiae impeditivum."

33. Os pusilânimes são propensos à inveja pois, como se diz no livro de Jó, a inveja mata os pequenos. E isto com razão, pois o medíocre acha que a prosperidade de outro impede a sua: o que é próprio de almas pequenas. (In Iob cp 5)

"Quidam vero sunt pusillanimes et hi proni sunt ad invidiam, unde subdit et parvulum occidit invidia, et hoc rationabiliter dicitur: invidia enim nihil aliud est quam tristitia de prosperitate alicuius inquantum prosperitas illius aestimatur propriae prosperitatis impeditiva; hoc autem ad parvitatem animi pertinet."

34. Fugir dos olhos do invejoso, evitar que seu olhar caia sobre nossas ações. (Super Ev. Io. cp 5, lc 2)

"Ut declinemus et fugiamus oculos invidorum ab omnibus operibus nostris."

35. A inveja como espírito de competição. (Super I Ad Cor. cp14 lc 1)

"Et ex hoc consurgit aemulatio, quae est invidia."

36. Quem odeia, olha com olhos maus e invejosos a quem odeia (Catena Aurea in Mc cp 7 lc 2)

"Nam qui odit, oculum malum et invidum habet ad eum quem odit."

A avareza

37. Como o objeto da avareza é o dinheiro, que promete suficiência em todas as coisas necessárias ao homem, é facílimo propender para esse vício (In II Sent. d42 q2 a3 ad 1)

"Quia objectum avaritiae, scilicet pecunia, promittit sufficientiam in omnibus quae sunt homini necessaria; et ideo facillime affectus inclinatur in hoc vitio."

38. (São Paulo diz que) a avareza é idolatria por uma certa semelhança com a servidão, pois tanto o avaro como o idólatra servem mais a coisas criadas do que ao criador. (In II Sent. d 39 q 1 a6 ad 4)

"Avaritia dicitur idolatria per quamdam similitudinem servitutis, quia tam avarus quam idolatra potius servit creaturae quam creatori."

39. A avareza torna o homem odioso para os outros. (I-II, 29, 4, ad3)

"Avaritia odiosos facit aliis."

40. A insídia de que o homem se vale para arrebatar bens aos outros (...) é própria sobretudo da avareza. (II-II, 55, 8, ad 3).

"Homo insidiis utitur non solum in diripiendis bonis alienis (...) quorum primum pertinet ad avaritiam."

41. (Discutindo se a avareza é o maior dos pecados, Tomás diz que em termos absolutos não, mas...) De outro ponto de vista, avalia-se o grau do pecado por parte do bem que desordenadamente escraviza o desejo do homem. Ora, quanto menor o bem, tanto maior a monstruosidade do pecado: tanto mais torpe quanto inferior é o bem a que se sujeita. Ora, o bem das coisas exteriores (que o dinheiro pode comprar) é o ínfimo entre os bens humanos: é menor que os bens do corpo, que são menores que os bens da alma, que são menores que o bem divino. Daí que a avareza seja de certo modo a maior deformidade. (II-II 118, 5, c)

"Alio modo potest attendi gradus peccatorum ex parte boni cui inordinate subditur appetitus humanus, quod quanto minus est, tanto peccatum est deformius; turpius enim est subesse inferiori bono quam superiori. Bonum autem exteriorum rerum est infimum inter humana bona, est enim minus quam bonum corporis; quod etiam est minus quam bonum animae; quod etiam exceditur a bono divino. Et secundum hoc, peccatum avaritiae, quo appetitus humanus subiicitur etiam exterioribus rebus, habet quodammodo deformitatem maiorem."

42. Daí que o Eclesiástico diga que o avarento vende a alma, a vida, porque a expõe a perigos por amor ao dinheiro. E acrescenta que ele se despoja da própria vida, isto é despreza-a, para ganhar dinheiro. (II-II 118, 5, ad 1)

"Unde et in Ecclesiastico pro ratione subditur, quia avarus animam suam habet venalem, quia videlicet animam suam, idest vitam, exponit periculis pro pecunia, et ideo subdit, quoniam in vita sua proiecit, idest contempsit, intima sua, ut scilicet pecuniam lucraretur."

43. A cobiça de qualquer bem temporal é o veneno da caridade; por ela o homem despreza o bem divino. (II-II 118, 5, ad 2)

"Cupiditas enim cuiuscumque temporalis boni est venenum caritatis, inquantum scilicet homo spernit bonum divinum."

44. A avareza é o pecado dos velhos. A avareza é incurável e por isso diz Aristóteles que velhice e insegurança fazem o homem avaro. (II-II 118, 5, 3)

"Ut dicit Philosophus, in IV Eth., quod senectus et omnis impotentia illiberales facit."

45. A avareza é irremediável por conta do defeito humano, no qual sempre cai a natureza humana: quanto mais defeitos uma pesoa tem, tanto mais necessita do apoio das coisas exteriores e, portanto, mais se descamba para a avareza. (II-II 118, 5, ad 3)

"Avaritia vero habet insanabilitatem ex parte defectus humani, in quem scilicet semper procedit humana natura, quia quo aliquis est magis deficiens, eo magis indiget adminiculo exteriorum rerum, et ideo magis in avaritiam labitur."

46. (Pecado espiritual é o que se realiza com prazer da alma e não físico). A avareza é pecado espiritual, porque o prazer do avaro é o prazer espiritual de se considerar possuidor de riquezas. (II-II 118, 6, c)

"Illa vero dicuntur spiritualia quae perficiuntur in spiritualibus delectationibus, absque carnali delectatione. Et huiusmodi est avaritia, delectatur enim avarus in hoc quod considerat se possessorem divitiarum. Et ideo avaritia est peccatum spirituale."

47. (...) Mas por causa de seu objeto é intermédio entre os pecados puramente espirituais e os puramente carnais... (II-II 118, 6, ad 1)

"Ratione tamen obiecti, medium est inter  peccata pure spiritualia, quae quaerunt delectationem spiritualem (...) et vitia pure carnalia."

48. A avareza é vício capital porque versa sobre um bem principal entre os bens sensíveis: o dinheiro. (II-II 118, 7, ad 1)

"Avaritia tamen est principale vitium, quia respicit ad pecuniam, quae habet quandam principalitatem inter bona sensibilia."

49. Da avareza procede uma dureza contrária à misericórdia, que impede o coração de se abrandar e ter compaixão para com suas riquezas socorrer os miseráveis (II-II 118,8c)

"Oritur ex avaritia obduratio contra misericordiam, quia scilicet cor eius misericordia non emollitur, ut de divitiis suis subveniat miseris."

50. Os vícios enumerados por Aristóteles são mais espécies do que filhas da avareza. O defeito do avarento refere-se ao dar. Quem dá pouco é parco; quem não dá nada é agarrado (tenax); se só dá com grande dificuldade é "vendedor de cominho", que tem em grande conta coisas de pouco valor. (II-II 118, 8, ad4)

"Illa quae ponit Aristoteles sunt illiberalitatis vel avaritiae species magis quam filiae. Potest enim aliquis dici illiberalis vel avarus ex eo quod deficit in dando, et si quidem parum det, vocatur parcus; si autem nihil, tenax; si autem cum magna difficultate det, vocatur kimibilis, quasi kimini venditor, quia de parvis magnam vim facit."

51. O avarento não é útil para os outros nem para si mesmo, pois não se atreve a gastar nem sequer consigo mesmo. (II-II 118, 8, ad4)

"Avarus autem nec sibi nec aliis prodest, quia non audet uti etiam ad suam utilitatem bonis suis."

52. E assim se diz que a avareza é raiz de todos os males, não porque todos os males sempre nasçam dela, mas porque não há nenhum que não possa, por vezes, dela nascer. (II-II 119, 2, ad1)

"Et sic dicitur esse avaritia radix omnium malorum, non quia omnia mala semper ex avaritia oriantur, sed quia nullum malum est quod non interdum ex avaritia oriatur."

53. A vaidade e a avareza geram-se mutuamente. (Catena Aurea in Lc cp 4 lc 3)

"Inanis gloria et avaritia ad invicem sese gignunt."

54. Com avareza, isto é, com apetite ardente, contínuo e insaciável. (S. Eph. cp4 lc6)

"Unde dicit in avaritiam, id est ardenter, et appetitu continuo, et insatiabili."

55. Avaro, etimologicamente, é ávido de dinheiro (avidus aeris, "de cobre") e, em grego, avareza é phylargyria, amor à prata. (II-II, 118, 2, 2)

"Secundum Isidorum, in libro Etymol., avarus dicitur quasi avidus aeris, idest pecuniae, unde et in graeco avaritia philargyria nominatur, idest amor argenti."

56. Há muitos pobres quanto ao dinheiro que são avaríssimos quanto ao coração. (Catena Aurea in Lc cp6 lc5)

"Plures enim pauperes sunt in substantia, avarissimi tamen secundum affectum."

57. Agir de modo avarento, isto é, tomando o que é de outro. (Sent. L Pol. lb2, lc 9, 5)

"Quod non velint agere avare, idest tollere aliena."

58. (O homem da mão seca - "mão fechada" - no evangelho) representa o avaro que, tendo para dar, só quer arrebatar. (Catena Aurea in Mc cp 3 lc1)

"Manus erat arida ... significat avaros, qui valentes dare, volunt accipere, praedari."

59. Cristo não disse não ter riquezas mas não servir as riquezas. (C Aurea-Lc cp16 lc2)

"Et tamen non dixit: qui habet divitias, sed: qui servit divitiis; qui enim divitiarum servus est, divitias custodit ut servus."

60. Como diz o livro de Provérbios: o avarento odeia o avarento. (S. Ev Io. cp 15, lc4)

"Prov. XIII, 10: et avarus odit avarum."



[1] Trechos do livro Tomás de Aquino – Sobre o Ensino (De Magistro) & Os Sete Pecados Capitais, São Paulo, Martins Fontes, 2001.